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Vila Nova de Famalicão | 28 Jan 2020
A linguagem da Criação, como lugar de Deus e projeto a cuidar (7)
A criação tem uma teia de relações que a suportam e que encontram o seu ponto de equilíbrio na vontade de Deus como desígnio de amor realizador sobre todas as criaturas.
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É no N.T. e na pessoa de Jesus que se encontra o exemplo radiante da relação harmónica de Deus, na humanidade de Cristo. Deste modo, o Papa Francisco observa que as criaturas trazem em si o mistério do ressuscitado que as conduz à plenitude. A criação está envolvida pela dimensão cósmica de Cristo. O Papa Francisco recorre à filosofia tomista para sustentar que a fé se sustenta no diálogo com a razão. Assim, «pensar na natureza deve ser um exercício constante da fé cristã». Na verdade, a teologia do Papa Francisco dialoga com o pensamento contemporâneo de Romano Guardini, Teilhard Chardin e Paul Ricoeur. Assim, de: «Romani Guardini apreende a ideia de que o ser humano moderno não fora educado para o reto uso do poder, a meta em direção ao verdadeiro poder só pode ser alcançada através de Cristo, fulcro de maturação universal, ideia que aparece no pensamento de Teilhard Chardin e que repercute na hermenêutica de Paul Ricoeur ao tratar a sacralidade como processo pelo qual o ser humano decifra em sua relação com a criação (LS, n. 83 e 85)».

Tendo por base os princípios bíblicos e diretrizes teológicos-pastorais, a Igreja, sob a orientação do Papa Francisco propõe ações eficazes na construção de um novo mundo. Assim, a Laudato Si´ aponta soluções que integram os sistemas naturais e sociais. Ou melhor, apresenta uma ecologia integral que combate a injustiça e a exclusão através do diálogo e de uma educação solidária.

É importante frisar que toda a encíclica reflete a profundidade teológica e espiritual daquele grande «Julgar de Deus», segundo o qual toda a criação é obra do amor de Deus do qual estamos «entrelaçados pelo amor que Deus tem a cada uma das suas criaturas e que nos une também, com terno carinho, ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe terra» (LS 92). Portanto, é um amor e uma conexão que é uma expressão de que tudo está sustentado pela graça de Deus que chama a ser a totalidade das criaturas em suas múltiplas formas e cores, isto é, a convicção de que a criação é um puro acto do Criador. Deste modo, o Papa afirma que «todo o universo material é uma linguagem do amor de Deus, do desmesurado carinho em nós. A terra, a água, as montanhas…: tudo é carícia de Deus» (LS 84). Deste modo, a natureza se converte em «lugar teológico». A criação tem uma teia de relações que a suportam e que encontram o seu ponto de equilíbrio na vontade de Deus como desígnio de amor realizador sobre todas as criaturas. «A natureza manifesta Deus é, além disso, um lugar da sua presença».

Carlos Araújo, scj (dehoniano)


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