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CMAB | Moçambique| 15 Jun 2017
Na doação
Helena Ferreira, leiga missionária espiritana de Braga na Missão Católica de Itoculo, Moçambique
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“Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De facto, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos outros.” Evangelii Gaudium, 10

 

Não existe outra forma de viver a missão que não seja na doação e posso garantir que neste momento estou apaixonada pela missão de comunicar a vida aos outros. Estou há 4 meses em Moçambique e estou a dar o que posso, mas também estou a receber muito. A missão é também uma redescoberta daquilo que nos move, põe em perspetiva a nossa vida e a vida de quem nos rodeia, parece que ganhamos um olhar novo, diferente.

Ao olhar para o sistema de ensino moçambicano dou muito mais valor ao sistema de ensino português, porque pelo menos na tarefa básica de ensinar os seus alunos a ler consegue atingir o seu objetivo. O meu trabalho aqui tem-se baseado muito no apoio escolar, na biblioteca, de manhã, no apoio aos alunos da escola secundária (que em Moçambique inicia na 8ª classe e em Itoculo termina na 10ª classe). Dois dos alunos chegaram à 8ª classe sem saberem ler, não identificavam uma única letra. De tarde, estou com as crianças da escola primária (em Moçambique corresponde aos primeiros 7 anos de escolaridade), de uma média diária de 27 crianças, nenhuma sabe ler e tenho crianças de todas as classes.

Mas em missão, para além de darmos mais valor a todas as coisas básicas que tivemos o privilégio de ter, passamos por um processo de redescoberta interior incrível e ao mesmo tempo assustador. Nunca em nenhuma etapa da minha vida vi a minha fé a ser testada tantas vezes ao dia, mas nunca em Portugal estive tão atenta aos pequenos sinais que Deus me dá. Quando vejo alguma situação que sei que podia ser facilmente evitada se todos partilhássemos verdadeiramente a riqueza, não duvido da existência de Deus, mas duvido da verdade do ser humano. Deixemo-nos de cinismos, se todos verdadeiramente quiséssemos, não havia necessidade destes desequilíbrios onde muita gente morre por falta de acesso a condições básicas de saúde, onde muita gente permanece ignorante por falta de um sistema de ensino que verdadeiramente funcione, não são só apenas “os grandes” que têm obrigação de fazer alguma coisa, todos podemos fazer alguma coisa, há sempre coisas ao nosso alcance a fazer.

Partir em missão foi o que decidi fazer durante este ano da minha vida, mas a missão começa dentro de nós e não temos de partir em missão, para sermos missionários. Não vou dizer que tudo na missão é bom, há momentos em que estamos tristes, frustrados, desanimados, mas em 23 anos de vida nunca tive tão feliz durante tanto tempo como tenho estado durante estes 4 meses. De facto, deixar a segurança da margem foi a coisa mais segura que já fiz!

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 15 de junho de 2017.

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