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Departamento da Pastoral Universitária | 29 Mai 2020
Narrativas de jovens universitários estrangeiros
Paulo Henriques | Doutoramento em Ciências da Educação (UMinho)
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Em março de 2020 fez três anos que cheguei à magnífica cidade de Braga para fazer o doutoramento em Ciências da Educação na Universidade do Minho. Antes, tinha vivido na cidade do Porto, onde frequentei o mestrado em Português Língua segunda/estrangeira na Faculdade de Letras. Este percurso seria o habitual num estudante português, não fosse eu um universitário timorense. 

Por isso, o mês de março de 2020 assinala não só o aniversário da minha chegada a esta cidade, como também marca o início de uma nova realidade, que nos obriga a viver em confinamento, ainda que as medidas tenham vindo a ser atenuadas. A situação pandémica que se vive atualmente em muitos países, especificamente em Portugal, desperta um certo saudosismo de bons momentos vividos antes da pandemia, como praticar desporto ao ar livre com os meus amigos.

Antes de tudo isto, os estudantes timorenses que se encontram em Braga viviam com um sorriso nos lábios, esquecendo até a saudade dos familiares que vivem na antípoda. A nossa forma de viver a comunidade, acaba por minimizar qualquer dificuldade ou saudade sentida. No universo pré-covid, a maioria dos universitários timorenses concentrava-se habitualmente nos seus estudos e trabalhos, indo às aulas, salas de leitura, bibliotecas da universidade, buscando maior conforto e acessibilidade para cumprir o seu dever académico e voltar posteriormente para servir a sua pátria. Agora, vemos o nosso sorriso, conforto e liberdade ameaçados. 

Desde que o país entrou em estado de emergência, a tristeza, a angústia e a aflição dominaram a mente de muitos estudantes timorenses, ainda que fossem temporariamente distraídos pelos seus telemóveis ou computadores. A verdade é que a presente situação abalou-nos psicologicamente. Para além disso, o confinamento veio agravar ainda mais a dificuldade sentida no acompanhamento dos estudos. O ensino online não está pensado para alunos com dificuldade na língua portuguesa, maioritariamente sentida nos grupos de licenciatura/mestrado. No meu caso, estar em casa é um colossal obstáculo na elaboração da minha tese de doutoramento. O meu escritório pessoal (para os que não me conhecem, é a biblioteca da UMinho), foi-me retirado, sobrando-me apenas o quarto. Com a cama mesmo ao lado, quem não fica sonolento?! 

Apesar de tudo, há hábitos que não se perdem. Tanto cá, como em Timor-Leste, os timorenses vão tentando combater a solidão visitando a casa uns dos outros para um almoço ou um jantar amigo, ou até mesmo para celebrar um aniversário. Sempre em segurança, como é claro!

Mas, mais importante ainda, é que a comunidade timorense encontrou também um refúgio na sua fé, principalmente durante este especial mês de maio, que convidou timorenses espalhados pelo País a juntarem-se todas as noites, via online, para rezar o terço em grupo. Saber que estamos sempre acompanhados por Ele deixa-nos mais leves, mais seguros, mais amparados. Este sentimento foi ainda mais fortalecido no passado dia 13 de maio, dia em que a comunidade timorense teve a felicidade de contar com o apoio do Diretor da Pastoral Universitária de Braga, Pe. Eduardo Duque, que celebrou, através de videochamada, uma missa especial para todos os timorenses católicos. 

Tenho a certeza que sairemos deste confinamento mais certos da nossa fé e mais conscientes de quem somos. O período passado em isolamento veio-nos ajudar a redefinir prioridades, a relembrar de quem esquecemos, a parar e refletir sobre os aspetos mais importantes da nossa vida. 

Que todos saiamos desta situação com um EU renovado!


Paulo Henriques
Estudante de Doutoramento em Ciências da Educação na UMinho e Coordenador do grupo de estudantes timorenses em Braga.


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