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17 Jul 2022
A hospitalidade numa Igreja sinodal samaritana
Homilia na Ordenação de Diáconos
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Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. «Marta recebeu Jesus em sua casa. Maria escolheu a melhor parte»

A liturgia do XVI Domingo do Tempo Comum evidencia de modo especial o tema da hospitalidade. Estar disponíveis para acolher os outros no quotidiano da vida prepara-nos para a escuta da Palavra de Deus, sempre nova e inesperada. Hoje, a Palavra de Deus é mais conhecida na comunidade cristã, a presença da Palavra de Deus na celebração litúrgica é «mais abundante, variada e bem adaptada» (SC 35), mas novas exigências se apresentam, como a fidelidade ao sentido autêntico da Escritura, o gosto de rezar com os Salmos, o cultivo da lectio divina, o desejo de descobrir Cristo à mesa da Palavra e do Pão. Na serenidade das férias, que lugar damos à Palavra de Deus?

No Evangelho, Jesus é acolhido por duas irmãs, Marta e Maria. Ambas se empenham em acolher da melhor maneira a Jesus. Maria, sentada aos pés de Jesus, escuta a Sua palavra; Marta, apressada no serviço, prepara a refeição. Maria assume a atitude do discípulo; Marta vive as preocupações imediatas da hospitalidade. Muito se discutiu e discute sobre as diferentes atitudes das duas irmãs, a contemplação e a ação. Contudo, na realidade, o texto não se refere diretamente às duas irmãs, porque o centro da cena é Jesus. Aquele que é importante é Ele mesmo e, por isso, «Maria escolheu a melhor parte», ou melhor, como disse o nosso Santo Arcebispo Bartolomeu dos Mártires: «e esta é a gema e tutano de tudo, e a isto se ordena tudo».

Frei Agostinho da Cruz escreveu com beleza poética: «aqueixava-se Marta de Maria,/que servir seu Senhor não lhe ajudava;/mas o Senhor Maria desculpava,/de quem, mais que de Marta, se servia».

2. Amar é servir

O texto do Génesis relata o cumprimento da promessa que Deus fez a Abraão. Na hora mais quente do dia, Deus apareceu a Abraão e dialogou com ele. A partir de uma intuição dos Padres da Igreja, e que atravessou toda a história até à obra prima do ícone de Rublev, os «três homens» da aparição sugerem a Santíssima Trindade. Alguns elementos desta narração (Abraão que corre, a discrição de Sara, a carne, o leite, a manteiga) envolvem a cena num ambiente muito humano de uma vida comum, assinalada pela beleza do quotidiano. É nesta atmosfera simples e profunda que Deus se revela e vem ao encontro do Homem.

O salmista, qual peregrino, dirige a pergunta «Quem habitará, Senhor, no vosso santuário?». A seguir, alguém responde e enumera os requisitos da entrada na intimidade de Deus: praticar a justiça, dizer a verdade, guardar a língua da calúnia, não fazer mal ao próximo, não ultrajar o semelhante...

O diaconado é lugar de serviço e de humildade: da Liturgia, da Palavra de Deus e da Caridade. Para os discípulos de Jesus «amar é servir e servir é reinar» (Papa Francisco). 

3. Para mostrar os mistérios de Cristo

Paulo sente-se investido por Deus para uma missão dirigida a todos, como porta-voz do Senhor. A todos os homens deve anunciar «em plenitude a Palavra de Deus, o mistério que ficou oculto ao longo dos séculos e que foi manifestado aos seus santos». O propósito revelado do desígnio divino é Cristo e consiste na inabitação de Cristo crucificado e glorioso nos gentios, chamados também eles para a salvação pela união com Cristo. O mistério é «Cristo no meio de vós, esperança da glória». Portanto, quem acolhe Cristo recebe a plenitude da vida.

Aos diáconos «são-lhes impostas as mãos, não para o sacerdócio, mas para o ministério sagrado. Fortalecidos com a graça sacramental, servem o povo de Deus, em união com o Bispo e o seu presbitério, na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade» (LG 29). Os diáconos são, portanto, considerados como os animadores da vocação de serviço da Igreja, em comunhão com o Bispo e com o presbitério, na tríplice diaconia da liturgia, da Palavra e da caridade.

Os diáconos são ordenados pela imposição das mãos do Bispo e a oração subsequente. À natureza do rito central da ordenação diaconal pertencem estas palavras invocativas: «Enviai sobre eles, Senhor, nós Vos pedimos, o Espírito Santo, que os fortaleça com os sete dons da vossa graça, a fim de exercerem com fidelidade o seu ministério». Deus Pai manda o Espírito sobre os eleitos, constituindo-os no ministério ordenado mediante o primeiro grau do sacramento da Ordem para o serviço da inteira comunidade eclesial.

Relativamente aos serviços da caridade e da administração, S. Policarpo, Bispo de Esmirna (séc. II) recomendava: «Os diáconos sejam irrepreensíveis na santidade, como ministros de Deus e de Cristo, e não dos homens», e acrescentava: «Não devem ser homens sem palavra, caluniadores ou avaros, mas sóbrios em tudo, misericordiosos, solícitos, procedendo sempre segundo a verdade do Senhor, que Se fez servo de todos».

A visibilidade do ministério dos diáconos aparece sobretudo na celebração da Eucaristia, onde ele proclama o Evangelho e ajuda o Bispo e os presbíteros na distribuição da Eucaristia, especialmente levantando o cálice «sinal da imensa caridade de Cristo». O diácono pode ajudar toda a comunidade a passar da liturgia à vida, muito próximo dos mais pobres e necessitados.

Caros irmãos Bonifácio, Bruno Lopes, Rafael Gonçalves, Tiago Costa e Vítor Couto, que servireis os mistérios de Cristo: sede colaboradores leais do Bispo e do presbitério; sede servidores da proximidade, gratuidade e esperança; sede felizes ministros dos mistérios de Jesus Cristo: «crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas».

Sede homens de escuta e de proximidade com Deus, com o Bispo, com os Diáconos, com o Presbitério e com o Povo santo de Deus.

Na síntese sinodal da nossa Arquidiocese refere-se: «A escuta e a proximidade são mencionadas como algo essencial, mas em falta na vida comunitária. Com a identificação desta “falta”, quer-se dizer que não existe a cultura dos “leigos escutarem os leigos” e destes serem escutados pelos párocos, isto é, a predisposição para escutar o próximo, mesmo sem terem de se convocar reuniões ou assembleias».

Com a solicitude da Virgem Santa Maria, a Senhora Mãe do Sameiro, sejamos servos atentos e prossigamos na alegria por Cristo, com Cristo e em Cristo.

 

† José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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