Arquidiocese de Braga -

Celebrar em comunidade

Itinerário simbólico

Como elemento simbólico para o espaço litúrgico, sugere-se que continue, diante do Altar ou num local visível na Igreja, um saco de serapilheira ou similar aberto. Nele será colocado a semente da “conversão”, para limpar o terreno interior, remover pedras e ervas daninhas, para que a esperança possa crescer.

Sugestão de cânticos

[Entrada] O Senhor virá no esplendor – Az. Oliveira

[Preparação Penitencial] Kyrie, eleison – J. Berthier

[Apresentação dos dons] Erguei-vos que vem o Senhor – F. Silva

[Comunhão] Preparai os caminhos do Senhor – M. Carneiro 

[Final] Avé, Senhora do Advento – Az. Oliveira

Eucologia

[Orações presidenciais] Orações do Domingo II do Advento 

[Prefácio] Prefácio I-A do Advento 

[Oração Eucarística] Oração Eucarística III

[Bênção] Bênção solene para o Advento 

Ministérios Litúrgicos

Dar enfase aos Ministros Extraordinários da Comunhão, que preparam o caminho do Senhor, levando, neste tempo de espera, o Santíssimo Sacramento aos mais doentes. 

Introdução à Liturgia da Palavra

Antes da proclamação da Palavra, enquanto se entoa um cântico apropriado, os leitores avançam pelo meio da assembleia com a semente e apresentam-na à assembleia. No final do cântico, enquanto mostram a semente à assembleia, será lida uma admonição orante, que introduzirá brevemente no sentido da escuta da Palavra e do sentido que a semente pretende fazer germinar em nós:

Hoje a voz de João Baptista ecoa no deserto e também dentro de nós. Fala-nos de caminhos que precisam de ser limpos, de pedras que impedem o amor de crescer, de veredas tortas que esperam o toque do perdão. A Palavra convida-nos a deixar que Deus transforme o nosso interior, não com culpa, mas com esperança. Que ao escutá-la, permitamos que Ele renove o terreno do nosso coração, para que aí floresça a paz. 

Depois dessa admonição, os leitores colocam a semente sobre o saco, seguindo-se a proclamação da Palavra.

Evangelho para todos

Neste excerto do Evangelho, vemos João Batista no deserto a clamar que é preciso converter o coração para preparar o caminho do Senhor. Ele não fala a pessoas isoladas, mas a um povo, a uma comunidade concreta: fariseus, saduceus, simples crentes… todos são chamados a mudar de vida. Isto diz muito à Igreja de hoje, onde todos somos convidados a caminhar juntos. “Preparar o caminho” é tarefa de todos: João não aponta só para os outros, mas fala a cada um – “convertei-vos”. Caminhar em comunidade começa sempre no coração de cada pessoa. A Igreja só se torna verdadeiramente comunidade quando cada batizado deixa Deus mexer na sua vida, nas atitudes, nos fechamentos e no orgulho.

João também lembra que a fé se reconhece pelos frutos: não basta dizer “somos filhos de Abraão”; é preciso dar fruto de verdadeira conversão. Também hoje não chega dizer “sou cristão”; caminhar juntos significa deixar que a fé se traduza em gestos concretos: escutar os outros, perdoar, participar, servir, partilhar tempo e dons. 

O deserto onde João prega é lugar de silêncio e purificação, mas é também lugar de encontro, porque ali se reúne gente de todos os lados. A Palavra convida-nos a transformar os “desertos” de hoje – solidão, indiferença, divisões, cansaço da fé – em espaços onde nos encontramos à volta de Jesus e da sua Palavra, escutando-nos mutuamente. Assim, esta passagem lembra a cada pessoa: se queres caminhar em comunidade, deixa-te converter pela Palavra, abre-te aos outros e ajuda a preparar, com a tua própria vida, um caminho por onde Jesus possa passar no meio do seu povo.

Oração Universal

V/ Irmãs e irmãos caríssimos: o caminho da humanidade é Cristo, e o caminho de Cristo é a humanidade. Oremos por todos os homens e mulheres, dizendo, com fé:

R/ Vinde, Senhor Jesus.

1. Pelo Papa Leão XIV, pelos bispos, presbíteros e diáconos, pelos fiéis cristãos de toda a terra e pelos catecúmenos que se abrem à Boa Nova, oremos, irmãos. 

2. Pelos judeus e pelos muçulmanos, pelos profetas que anunciam a Palavra e pelos pecadores que se arrependem dos seus pecados, oremos, irmãos. 

3. Pelos catequistas, pelas crianças e pelos jovens, pelos adultos e pelos animadores dos nossos grupos de apostolado, e pelos que acolhem os outros à maneira de Cristo, oremos, irmãos. 

4. Pelos que fazem conviver o lobo e o cordeiro, pelos que têm gestos de paz e de perdão, pelos doentes, os sem-abrigo e os infelizes, oremos, irmãos. 

5. Pelos que preparam os caminhos do Senhor, pelos que trabalham pela justiça e a igualdade, por nós próprios e pela nossa conversão, oremos, irmãos. 

V/ Senhor, nosso Deus, que tornais possíveis todas as coisas e quereis instaurar no mundo a paz, dai-nos a graça de viver com alegria a novidade trazida por Jesus Cristo, vosso Filho. Ele que vive e reina pelos séculos dos séculos.

R/ Ámen. 

Encontrar o Pão na Palavra

Meditação Eucarística

Na Eucaristia realiza-se a profecia de João Batista. Ele anunciava a vinda daquele que batiza no Espírito Santo e no fogo. De certa forma, o desenrolar ritual da Missa manifesta a passagem do ministério penitencial de João Batista para o derramamento do Espírito trazido por Jesus. Começamos dizendo o nosso arrependimento; a Palavra de Deus provoca-nos à conversão; pela efusão do Espírito, o trigo reunido no altar torna-se corpo de Cristo; pela comunhão, tornamo-nos Corpo místico de Cristo, trigo reunido por Deus no celeiro da Igreja para ser Pão para o mundo. João Batista prega o arrependimento; por Jesus nos vem o Espírito Santo que transforma o pão em alimento para nós e, por nós, Trigo de Deus para a Missão.

Sair em missão

Oração

Deus, nosso Pai, Senhor do céu e da terra, 

fonte de toda a vida e de toda a santidade, 

nós Te bendizemos e glorificamos.

Nós Te louvamos, 

porque ao longo da História nunca deixaste de falar ao teu povo: 

libertaste Israel da escravidão, conduziste-o pelo deserto, 

enviaste profetas para prepararem os teus caminhos 

e, na plenitude dos tempos, deste-nos João Batista 

como voz que clama no deserto, convidando à conversão,

até nos dares o teu próprio Filho, Jesus Cristo, nosso Salvador.

Olha, Pai, para a tua Igreja que caminha neste tempo. 

Concede-nos a graça de uma profunda conversão do coração: 

que cada batizado, cada comunidade, saiba acolher o teu apelo, 

abandonar a indiferença e o orgulho 

e dar frutos de justiça, de misericórdia e de paz. 

Faz de nós uma Igreja que caminha unida, 

que escuta a tua Palavra, 

que se deixa purificar 

e que abre sempre espaço aos mais frágeis e esquecidos.

Nós Te damos graças, 

porque o Espírito Santo continua a conduzir a Igreja, 

mesmo no meio das crises, das divisões e dos cansaços.

Sabemos que és fiel às tuas promessas, 

que não abandonas o teu povo 

e que, em cada tempo, renovas o rosto da tua Igreja, 

tornando-a mais semelhante a Cristo, manso e humilde de coração.

Missão da Semana

Assumimos para esta semana um compromisso de conversão ao Evangelho. Durante estes dias, queremos escolher uma relação concreta – na família, no trabalho, na paróquia ou … – onde exista alguma distância, indiferença ou mágoa, e dar aí um passo de conversão. Propomo-nos procurar essa pessoa, dirigir-lhe uma palavra de saudação, de pedido de desculpa, de reconciliação ou simplesmente de proximidade, e, ao final do dia, rezar por ela, pedindo a Deus que nos dê um coração mais humilde e fraterno. Desta forma, a conversão ao Evangelho deixa de ser uma ideia abstrata e torna-se, para nós, um gesto simples, mas real, que ajuda a “preparar o caminho do Senhor” nas relações de cada dia.