Arquidiocese de Braga -
5 fevereiro 2024
Dom António Ribeiro é «referencial» na vida eclesial, política e social

DM - Rita Cunha
Biografia da autoria de Paula Borges Santos foi apresentada este sábado.
O auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, acolheu ontem, na presença de dezenas de pessoas, a apresentação do livro “Dom António Ribeiro”, que foi recordado pela sua humanidade, contributo para o aumento das vocações e sensibilidade para com as causas económicas e sociais. Uma série de atributos que levaram o Arcebispo de Braga, na sessão, a considerar o cardeal, natural de Celorico de Basto, um «referencial» não só na vida eclesial, mas também política, económica, social e familiar.
«Precisamos de ter estes referenciais porque é aos ombros destes gigantes que podemos ver mais ao largo e mais ao longe», disse D. José Cordeiro, confessando ter já lido todo o livro, da autoria de Paula Borges Santos, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais.
Depois de um breve resumo acerca da vida do homenageado, que foi também Bispo Auxiliar de Braga durante dois anos, o Arcebispo de Braga lembrou a humanidade que tanto o caraterizava e o facto de ter criado «relações dentro e fora de Igreja». «Este livro retrata bem a pessoa e a ação pastoral deste homem que contribuiu para uma mudança serena. O seu perfil foi, certamente, o que Deus permitiu para podermos hoje estar aqui a falar desta maneira», vincou.
Momentos antes da intervenção de D. José Cordeiro, que encerrou a sessão, tomou da palavra a autora do livro, que começou por revelar a «admiração pessoal» que desde criança tem pelo homenageado, motivo pelo qual decidiu escrever a sua biografia. «Chamava-me sempre a atenção pela sua figura de porte aristocrático e fui acompanhando o seu percurso», explicou Paula Borges Santos.
Lembrando que «escrever uma biografia é um conjunto de escolhas permanentes», que implica «lidar com imprevistos», a investigadora destacou a importância de lembrar Dom António Ribeiro em Braga, «cidade com a qual se relacionou de forma especial». «É a sensação de ter uma rede de pesca e nos escapam muitas coisas. Há momentos da sua vida difíceis de caracterizar, ou descobrir um pensamento do qual não haja registo», vincou.
Sobre o antigo Bispo Auxiliar de Braga, deu nota da «facilidade» com que contactava com a população, o que marca a sua trajetória pastoral. Em contrapartida, «não gostava de holofotes», preferindo trabalhar «com simplicidade e na sombra».
Da sua trajetória, a autora distinguiu o seu empenho, enquanto Bispo Auxiliar de Braga, na dinamização das orientações conciliares, no sentido de as divulgar. Concretamente nos anos que antecederam a revolução do 25 de Abril, Paula Borges Santos destacou «a intencionalidade num homem que tinha uma grande vocação comunicacional». Do pós 25 de Abril, recordou o seu papel no reposicionamento da Igreja Católica. Meses mais tarde, em novembro de 1975, «D. António é chamado a reconstruir essa nova ordem democrática dentro da Igreja de Lisboa e a relação que a Igreja deve ter com a democracia e, aqui, vai fazer a escolha por uma democracia de tipo ocidental», acrescentou.
De Dom António Ribeiro, destacou ainda o ter sido um «defensor da aproximação de Portugal à Europa» e a sua «sensibilidade para com as causas económicas e sociais», não esquecendo os jovens e as crianças, cuja aproximação contribuiu para um aumento das vocações na Diocese de Lisboa, concretamente no Oeste, que nos anos 70 tinham «caído abruptamente».
A sessão de ontem contou ainda com a intervenção do presidente da Assembleia Geral Civicus, associação que promoveu a iniciativa. «Uma biografia notável de uma personalidade notável», considerou Fernando Santos Pereira, não esquecendo a «forte influência» que Dom António Ribeiro teve na transição do Estado Novo para a democracia.
Falecido em março de 1998, Dom António Ribeiro foi ordenado sacerdote em 1953. Nesse mesmo ano seguiu para a Universidade Gregoriana de Roma, onde se doutorou em Teologia, em 1959. Entre vários cargos, ocupou os de Bispo titular de Tigilava e Bispo Auxiliar de Braga. Entre 1968 e 1971, foi presidente da Comissão Episcopal dos Meios de Comunicação Social, função que acumulou com a de auxiliar do cardeal-patriarca de Lisboa. Em 1971, foi nomeado cardeal-patriarca de Lisboa, sendo o 15.º titular do cargo
Partilhar