Arquidiocese

ANO PASTORAL
"Juntos no caminho de Páscoa"

[+info e Calendário]

 

Desejo subscrever a newsletter da Arquidiocese de Braga
11 Set 2014
Homenagem aos bombeiros falecidos
No Dia Nacional do Bombeiro Profissional, D. Jorge Ortiga homenageou todos os bombeiros falecidos nos últimos anos.
PARTILHAR IMPRIMIR
 

11 de Setembro de 2001. Há onze anos, quase 3.000 pessoas inocentes – cidadãos de 77 países de todo o mundo – perderam a sua vida no pior ataque terrorista da história americana. Um evento cruel que mostrou a todo o mundo, e a todos nós aqui presentes, que a violência há muito abandonou os campos de guerra para fazer do conforto dos nossos lares um terreno minado. Olhamos à nossa volta e deixamos de ser capazes de perceber onde está o perigo. Estes sentimentos de ambivalência, de medo e de desconfiança podem, como bem sabemos, ser tão destrutivos quanto uma bomba. E porque esta realidade se esconde atrás de tantos cenários, precisamos de gente capaz de nos incutir serenidade e tranquilidade para que viver não seja um medo ou uma incógnita aterrorizadora.

Caros familiares, amigos e autoridades, o que significa ser bombeiro? Ser bombeiro é, antes de mais, um pilar seguro em quem se pode confiar incondicionalmente em todos os momentos do dia e em todos os lugares. Recordo as imagens do 11 Setembro e os 341 bombeiros que faleceram nesse dia. Recordo os 8 bombeiros falecidos em Portugal em 2013 no combate aos incêndios. Também não esqueço tantos outros e em todos eles vejo rostos de heróis que aprendi a respeitar mesmo antes de saber os seus nomes. Mas eles tinham nomes, tinham famílias, sonhos e uma vida inteira pela frente. António, Daniel, Pedro, Ana, Bernardo Figueiredo, Cátia, Bernardo Cardoso e Fernando, partistes mas o vosso nome alimenta agora a chama da esperança e prestar-vos homenagem é uma elementar justiça a quem se entregou por uma causa nobre.

Os bombeiros a quem hoje prestamos homenagem – de modo particular os que morreram no combate a incêndios ou em acidentes – eram alguns dos seres humanos mais fortes e mais disciplinados. Uma elite no verdadeiro sentido do termo. E viram sempre a sua profissão não como um mero trabalho mas como um dever elegre para com os cidadãos e a nação. São estes os valores – perseverança, entrega, ousadia, coragem e integridade – que fazem dos bombeiros pessoas de confiança e sobre estes valores — qual autêntica homenagem que não se restringe às palavras e discursos empolgantes – queremos também nós construir a nossa sociedade e a nossa cultura portuguesa. Braga é uma cidade jovem e em 2012 foi, inclusive, Capital Europeia da Juventude. Este é um dado que não podemos esquecer. Estou convencido que, a par do trabalho de emergência que os soldados da paz desenvolvem com um valor intrinsecamente profundo, a dimensão pedagógica faz também parte da sua identidade. A sua vida deve ser um modelo para muitos acolherem e se sintonizarem com essa referência. Daí que jovens e crianças devam olhar para os bombeiros e sentirem orgulho, reconhecerem que eles são um exemplo de vida e de cidadania a seguir.

Exemplo de vida! Vida é a palavra chave para um bombeiro. Por isso o lema dos soldados da paz portugueses Vida por vida é a tradução perfeita do amor interior que eles têm a uma causa nobre que nem sempre é valorizada e respeitada por todos nós. Há quem não respeita a vida dos bombeiros, quem os chame sem necessidade, quem cometa actos criminosos ou actos incendiários por simples prazer. Esquecem-se que os actos têm consequências e, por vezes, bem graves. Isto não pode ser tolerado. Roubar a vida a uma pessoa inocente é destruidor para todos aqueles que lhe são próximos.

Creio, todavia, que hoje o mais importante é suscitar o espírito de bombeiro; sermos pessoas disponíveis para responder às solicitações do bem comum, mesmo à custa de sacrifício e, quem sabe, da própria vida. E devemos fazê-lo em conjunto, tal como os bombeiros agem em articulação de esforços. As forças que se associam para o bem não se somam. Multiplicam-se. Gostaria que a memória e os gestos dos bravos soldados falecidos ao longo destes anos se multiplicassem no quotidiano de multidões, para que a sociedade se tornasse uma arena de solidariedade e não de luta fratricida onde o mais forte (pelo dinheiro, sucesso, lugar que ocupa) impõe a sua tirania. Só uma sociedade de serviço e de entrega a causas nos garante o futuro.

Prestar homenagem aos bombeiros falecidos é sempre um momento delicado porque envolve afectos, memórias e momentos limite. Mas é precisamente nesses momentos limite, entre a vida e a morte, entre o sentido e o sem sentido, que a fé tem algo a dizer. Enquanto homem de fé, creio que a melhor homenagem que posso prestar a todos os bombeiros é dizer-vos que a sua vida, os seus gestos, os seus sonhos e suas memórias não terminaram com a última pancada do coração. Eles vivem em Deus e vivem também entre nós como um memorial permanente, mostrando-nos que uma vida doada em prol dos demais é uma vida recordada eternamente.

É isso que fazemos, aqui e agora, e que continuaremos a interpretar no segredo das nossas opções e escolhas. Que os actuais e futuros bombeiros sejam dignos da história de tantos e que o mundo, a nossa cidade, aprenda a lição que o verdadeiro bombeiro oferece.

Braga, 11 de Setembro de 2014

+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

PARTILHAR IMPRIMIR
Departamento Arquidiocesano para a Comunicação Social
Contactos
Director

P. Paulo Alexandre Terroso Silva

Morada

Rua de S. Domingos, 94 B
4710-435 Braga

TEL

253203180

FAX

253203190