Arquidiocese de Braga -
11 novembro 2004
Abertura Solene dos Seminários

Fotografia
Dom Jorge Ferreira da Costa Ortiga
\nAbertura Solene dos Seminários
Tivemos, já, a abertura solene das Aulas na Faculdade. Esta Sessão reveste-se do significado particular dum novo ano para a vida dos Seminários. Trata-se dum início e não podemos partir na disposição de mais um como tantos outros. Cada ano tem uma proposta explicita qual projecto que todos devem assumir. Acontece, porém, que este deve dizer-vos mais alguma coisa.
Estamos num ano que queremos Eucarístico e Vocacional. Não são realidades antagónicas nem complementares. Integram-se mutuamente: mais Eucaristia mais vocação, mais vocação mais eucaristia. Gostaria de convidar cada um dos seminaristas e das Equipas Formadoras para esta responsabilidade particular que este ano reserva aos Seminários. Bastará falar das vocações? Temos necessidade, sem dúvida, dum anúncio explícito através de iniciativas variadas. Creio, porém, que a alegria, o orgulho, a vaidade de ser seminarista vos deve responsabilizar no sentido de vos tornardes instrumentos de chamamento. Que dirá a vida de cada um aos vossos conterrâneos e amigos? Contentai-vos em ser iguais e viver uma vida como todos os outros ou nota-se a alegria de quem se encontra em discernimento vocacional? O Seminário e os Seminaristas deveriam ser o primeiro apelo vocacional, vendo-os outros deveriam reconhecer que vale a pena efectuar a mesma escolha e deixar-se seduzir. Valerá a pena falar sobre a alegria do chamamento se os seminaristas o negam?
Por tudo isto este ano deve ter uma dupla movimentação nos Seminários: crescer interiormente e interpretar iniciativas que, em várias partes da diocese, inquietam a juventude.
Em Ano Vocacional gostaria de, mais uma vez, vos lembrar a minha paixão pelos sacerdotes e seminaristas. Tudo farei para que na sua vida resplandeça a alegria de ser padre, hoje e agora. Temos investido na recuperação dos Seminários e na construção da Casa sacerdotal. Gostaria que todos vissem nas obras um sinal do amor que vos dedico. Sei que alguns falam do panorama de obras em que a Arquidiocese, por minha iniciativa, está envolvida. Tenho rezado e pensado muito, ouço e continuarei a ouvir o parecer e a competência dos dedicados membros do Conselho Económico. Não temos feito milagres e nem os faremos. Juntamos energias e posso assegurar – e talvez tranquilizar – que o controle é absoluto. Não há demagogias ou iniciativas impensadas. Oportunamente terei a possibilidade de o demonstrar numa apresentação de contas que nunca mostrarão a riqueza que muita gente pensa que a Diocese tem mas a responsabilidade de gerir o que se possui.
Vede em todas as iniciativas um sinal das esperanças que em vós depositamos. Criamos condições de modernidade nas instalações. Tendes condições materiais. Correspondei com o vosso empenho e apostai numa caminhada vocacional séria.
Permiti que termine partilhando uma pequena impressão vivida no último Congresso Eucarístico.
Na primeira celebração Eucarística tocou-me, particularmente, o número de Seminaristas da Diocese de Guadalajara. Conversando com um pequeno grupo sobre a razão de serem tantos, cerca de 1.100 nos três Seminários, foram unânimes em referir que tudo se devia a consciência duma Igreja Diocesana que, nos sacerdotes, experimentou, nos tempos de recente perseguição, o testemunho do martírio.
Mais tarde, em pleno auditório do Congresso, foi distribuído um folheto convidando-nos para visitar “as relíquias de 15 dos 25 mártires mexicanos canonizados por S. S. João Paulo II e ex-alunos da nossa Instituição”. O convite era formulado da seguinte maneira: “O Seminário Diocesano de Guadalajara convida-te a ser testemunho do que é capaz de fazer o homem crente quando Jesus Eucaristia se converte em centro da sua vida”.
Pessoalmente estou convencido que só um clima de exigência plasmará sacerdotes para o nosso tempo. As facilidades acomodam e legitimam vidas medíocres. Sempre o testemunho do martírio gerou cristãos. Não vivemos neste ambiente, graças a Deus. Importa, porém, que o “martírio” chamado “branco” da fidelidade aos deveres e às coisas pequenas entre a fazer parte da nossa vida espiritual.
Iniciemos este ano sob este clima de exigência de vida cristã e de alegria em testemunhar o vosso ser Seminarista, hoje. Não é fácil. Sede fiéis.
Braga, 11.11.2004
+ Jorge Ortiga, A. P.
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