Arquidiocese de Braga -
1 fevereiro 2024
O que um incêndio não pode destruir

Irmãs Trapistas de Palaçoulo
Mensagem das Irmãs Trapistas de Palaçoulo, 1 de fevereiro de 2024
Caros amigos,
Como é do vosso conhecimento, no sábado, dia 27 de janeiro, fomos atingidos por um grave incêndio, que deflagrou de madrugada, tendo começado na conduta da lareira acesa e que, alastrando rapidamente, comprometeu a zona central da nossa hospedaria (telhado, sótão e grande parte do primeiro andar). A zona mais atingida foi o sótão (que servia de arrecadação) e os quartos, que ocupamos enquanto aguardamos a conclusão da construção do mosteiro. Algumas salas eram utilizadas como escritórios e áreas de trabalho (escritório da Madre, escritório das irmãs ecónomas, lavandaria, armazém e embalagem da confeitaria) e o incêndio danificou-as gravemente, inutilizando parcial ou totalmente as salas, as máquinas e o material armazenado.
Eram cerca de 6h15 da manhã, antes do nosso habitual Ofício das Laudes. Salvámos rapidamente o que pudemos (os computadores em que estávamos a trabalhar e pouco mais) mas tivemos de abandonar o edifício, tanto por causa do fumo como para nos colocarmos em segurança. Como documentam muitas das imagens difundidas, as chamas subiram rapidamente para o telhado e tivemos de assistir impotentes, rezando e esperando a intervenção dos bombeiros.
De facto, a intervenção para apagar o fogo prolongou-se pela tarde fora, tendo sido necessário arrancar muitas partes do telhado, enquanto se lançava água. A água, por sua vez, ao penetrar no edifício, atingiu inevitavelmente as partes da casa não afetadas pelo incêndio, encharcando e arruinando paredes, móveis e o seu conteúdo.O material contido no sótão (principalmente colchões novos e os acessórios necessários para os futuros quartos) ardeu bastante.
No meio de tudo isto, a zona da capela permaneceu intacta, assim como os quartos do noviciado e os 5 quartos que tínhamos reservado para receber hóspedes. Foi também uma surpresa encontrar pendurados e intactos no meio do corredor atingido pelas chamas, pelo fumo e pela água, os hábitos brancos destinados à próxima tomada de hábito de uma das nossas postulantes, que no dia anterior uma de nós tinha acabado de coser. Encontrámo-los não só intactos, mas quase totalmente limpos. Há fotografias que documentam este facto espantoso.
Um jovem padre e três dos seus jovens paroquianos foram nossos convidados para um retiro. Conscientes de que não podíamos ajudar materialmente, a presença providencial do padre permitiu-nos celebrar a Eucaristia - depois do canto das Laudes. Enquanto os bombeiros ainda se esforçavam por apagar as chamas nos telhados, sobre o altar o Amor consumia mais uma vez o Seu dom por nós.
Durante o dia, recebemos a visita do bispo, que nos mostrou a sua proximidade, do pároco, do presidente da Câmara, e depois de muitos amigos, conhecidos e desconhecidos, todos movidos pelo desejo de nos ajudar. Alguns trouxeram comida, outros começaram a recolher os escombros, outros queriam simplesmente estar perto de nós e animar-nos. Em suma, assistimos a uma grande manifestação de proximidade e de generosidade. Depois, foram muitos os telefonemas e os e-mails de amigos que exprimiram o seu desejo de nos ajudar materialmente.
Assim, estamos a experimentar a Providência do Senhor, que desperta nos corações a vontade de participar na reconstrução deste lugar, que não é só de nós monjas, mas é a Casa de todos os que procuram Deus.
Uma vez terminada a emergência, o trabalho começa.
Por um lado, estamos a tentar restabelecer a vida monástica regular, ocupando os lugares poupados pelo fogo e pela água. Cada uma de nós conseguiu arranjar um quarto para dormir e, nos corredores e na garagem, tentamos recolher o material que conseguimos salvar, limpar e arrumar. Por seu lado, os operários estão a isolar as partes onde vivemos, para depois começarem a demolir as restantes áreas da hospedaria em ruínas. Depois, teremos de reconstruir.
Escusado será dizer que, infelizmente, não poderemos receber hóspedes agora e durante um tempo indeterminado, pois já não temos espaço para oferecer.
Temos a certeza de que o Senhor sabe o que está a fazer e o que nos permite viver é sempre para um bem maior do que aquele que podemos prever. A própria experiência da fraternidade entre nós e com as pessoas que nos ajudam é já um milagre comovente de comunhão e de esperança: o homem que acredita, espera e ama é verdadeiramente uma imagem da glória de Deus, da sua bondade e da sua beleza.
O Evangelho da Santa Missa da manhã daquele sábado - o dia do incêndio - tocou-nos profundamente. Descrevia o Senhor que dorme tranquilamente no barco coberto pelas ondas do mar tempestuoso; os seus discípulos acordam-no e perguntam-lhe consternados: "Mestre, não te importa que pereçamos?" E Jesus: "Porque tendes medo? Ainda não tendes fé?".
E nas Vésperas desse mesmo dia, encontrámo-nos a cantar com a Igreja o Salmo 65: "Deus, puseste-nos à prova; fizeste-nos passar pelo fogo e pela água, e depois aliviaste-nos".
Certos de que a Providência do Senhor leva sempre a bom termo a obra que inicia, retomamos e continuamos o caminho e a construção da Sua morada entre nós, com renovada gratidão e espanto.
Agradecemos antecipadamente a todos os que quiserem ajudar-nos, de qualquer modo, rezando ou doando ajuda, enquanto vos asseguramos a nossa oração contínua.
Deixamos-vos com as palavras que Bento XVI dirigiu às vítimas do terramoto italiano de 2012, que permanecem verdadeiras e descrevem a beleza da fé que continua a habitar e a preencher a nossa vida.
As Irmãs Trapistas de Palaçoulo
Caros amigos, desejamos agradecer ao Senhor por nos ter protegido a nós e aos bombeiros durante o incêndio e queremos agradecer a tantos de vós, conhecidos ou desconhecidos, que nos socorreram e estão a ajudar com uma generosidade e disponibilidade maravilhosas.
No meio do nosso mundo que vive em rivalidade e guerra, esta fraternidade é um sinal luminoso de esperança.
Bendizemos o Senhor e pedimos-Lhe que nos acompanhe com a Sua providência; e agradecemos àqueles que nos ajudam e que ajudarão a reconstruir este lugar, que é a casa da comunhão entre Deus e os homens que Ele ama.
OBRIGADA!
Quem quiser, poderá contribuir com um donativo nas seguintes modalidades:
Por MB WAY: +351 910 909 388
Por transferência: PT 50 0045 2260 4029 1080 1063 2
Ou visitando a nossa página no site:
https://www.trapistaspalacoulo.pt/o-projeto-do-mosteiro/como-ajudar/
Partilhar