Arquidiocese de Braga -

19 março 2024

Opinião

Transformação / Metamorfose

Padre José Lima

Os cristãos recordam e atualizam o evento redentor de Cristo, na Sua morte e ressurreição. A celebração impõe um sem número de atitudes e de resoluções que dizem respeito a todos os humanos, homens e mulheres.

Num ambiente assinalado com guerras fratricidas próximas de nós, é bom pensar que a ação é fustigada em todos, para que no presente de todos possam desabrochar realidades novas, cheias do vigor novo que a Páscoa acarreta. Sendo diferentes, por formação e ambiente social, por desejos e por oportunidades, estamos juntos a ansiar por um mundo menos bélico e mais fraterno. As celebrações não se extinguem dentro das igrejas, mas comprometem com o tecido social em que se vive. Páscoa é transformação.

Vive-se a escassas semanas das comemorações dos  cinquenta anos de abril de 1974, dia de revolução, que alterou a nossa vida, facilitando a cada um pensar, escrever, viver livremente, sem tiranias e sem ditadores. Impõe-se recordar com entusiasmo esta efeméride e dar vida nova a um projeto novo que nasceu na revolução de abril. 

Somos todos muito poucos para solidificar uma sociedade que não permite o regresso ao fascismo e facilita a democracia serena e responsável. Importa falar quotidianamente a todos, sobretudo aos mais novos, que não vivenciaram os tempos anteriores a abril 74. Impõe-se criar círculos informais e familiares que facilitem a leitura da História recente do nosso país, evitando assim possíveis incursões pelo que nada de interesse traz para a sociedade. Sejamos interventivos, mesmo nas nossas conversas de café ou nas nossas distrações retemperantes. Falemos do passado recente, sem medo e abrindo horizontes novos para todos, não desejando passar pelo que muitos passaram. Abrir o futuro desta forma é também celebrar Páscoa. Fazemo-lo com o mínimo de atropelos. Uma forma de o fazer é a de oferecer um bom livro que abrirá dossiês do passado com mestria.

Entramos dentro de dias no último período do presente ano letivo. Tantos jovens terminam uma fase de formação na vida. Necessitam agora de ter espaço para trabalhar, para fazer render os talentos de que usufruem, para mostrar as invenções que patrocinam, para colocar em sociedade os desejos e os sonhos que acalentam. Viver a Páscoa é conceder-lhes oportunidade e facilitar a sua inserção na sociedade laboral, com realidades habituais, com invenções,  com novas possibilidades: Abrir lugares de trabalho, rejuvenescer empresas, instalar novidades, empenhar energias jovens no futuro que se quer.

A Páscoa é também esperança. As coisas novas vão acontecer, mesmo que nós hesitemos. Importa estar aberto, sem reticências e sem medos, pois de medrosos não reza a história. Mesmo solitários, frente a um ecrã de computador, somos interventivos e efetuamos Páscoa, a passagem a uma Vida Nova.