Arquidiocese de Braga -
29 abril 2024
Congresso em Braga impulsiona interesse e estudo pela espiritualidade

DM - Jorge Oliveira
Participantes pediram aos organizadores a continuação do evento
O I Congresso Internacional de Espiritualidade e Mística chegou ao fim no sábado, 27, depois de quatro dias intensos em que foram abordados, em mais de 50 conferências, na Colunata do Bom Jesus, várias vertentes sobre esta temática.
De Braga sai um novo impulso e um redobrado interesse pelo transcendente, pela busca do não limite, mas acima de tudo “sai reforçada esta dimensão da vida humana, que é mais do que a sua materialidade, que é mais do que o consumível”, como destacou o cónego José Paulo Abreu, presidente da Comissão organizadora, à margem da sessão de encerramento do congresso.
Ao longo dos quatro dias, foram abordadas as culturas todas, as espiritualidades todas, os modos todos de vivenciar a relação que as pessoas têm com o transcendente, mas também a forma como as pessoas têm que se encontrar consigo próprias.
“Andamos pelos caminhos da alma, a procurar essa vertente outra que nós temos e que nos impulsiona para coisas diferentes, para realidades que ultrapassam o nosso imediatismo e a nossa finitude. Nós estamos a fazer o caminho do coração, estamos a fazer o caminho do essencial, estamos a tocar no que nos é mais íntimo, mas que tantas vezes, pela poeira das tarefas, pela poeira das agendas, fica absolutamente escondida ou secundarizado”, resumiu o cónego José Paulo Abreu.
Os participantes tiveram oportunidade neste congresso co-organizado pelo Instituto de História e Arte Cristãs (IHAC) e pelo Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo e Globalização (IEAC-GO) de fazer um reencontro com o seu íntimo e simultaneamente perceber como é que a humanidade está a fazer este caminho em busca da “excelência e da transcendência”.
A partir de Braga foi dado também um “grande contributo” para o aprofundamento dos estudos científicos referentes ao tema da espiritualidade e da mística.
“Tivemos aqui gente de todo o mundo, ouvimos falar de todas as culturas e, portanto, Braga tornou-se uma cosmovisão, tornou-se cosmopolita. As pessoas saíram com o conhecimento e o espírito alargado e com a alma mais cheia”, salientou o presidente do IHAC.
Ontem de manhã, por exemplo, numa das conferências, falou-se da espiritualidade no Japão e no Islão.
Sob o lema “À procura do não-limite”, este congresso serviu também para um melhor conhecimento sobre a espiritualidade, a vida e obra de alguns beatos e candidatos a santo da Arquidiocese de Braga como Alexandrina de Balasar, o padre Abílio Correia e o frei Bernardo de Vasconcelos. Vultos da Igreja de Braga, cujas virtudes e exemplos voltarão a ser destacados no Congresso Eucarístico Nacional, que realiza em Braga de 31 de maio e 2 de junho.
A presidente da Comissão Científica, Eugénia Abrantes, deu nota do interesse e da satisfação que este evento suscitou aos participantes, de diferentes áreas profissionais, adiantando que muitos deles pediram mais eventos com esta temática e sobretudo sublinharam a importância da espiritualidade e da mística nos dias de hoje.
“Este tema está a ser redescoberto pelas diferentes áreas do saber e é fundamental mais conhecimento sobre estes temas na sua aplicação às diferentes profissões, sejam médicos, professores, gestores, empreendedores, administradores de empresa, investigadores”, referiu.
A presidente do IEAC-GO revelou mesmo que lhe propuseram fazer o próximo congresso internacional noutro ponto do país.
Porém, a realização do II Congresso está dependente das condições e dos recursos financeiros dos organismos envolvidos.
“Isto implica toda uma máquina logística financeira por trás. Temos que avaliar, neste momento está tudo em aberto”, disse.
O cónego José Paulo Abreu também não deu como garantida uma segunda edição, embora tenha notado que há interesse e vontade em dar continuidade a este projeto.
“Vamos ver como é que se pode concretizar. Agora temos que retemperar forças, porque este foi um grande exercício, uma epopeia. Vamos ponderar, fazer balanço, é bem provável que sim”, declarou
Para o presidente do IHAC, Braga «tem ótimas condições» para um congresso desta natureza e, concretamente, o santuário do Bom Jesus é o local indicado pelo seu enquadramento.
Projeto em curso para publicar escritos inéditos de S. Bartolomeu dos Mártires
O presidente do Instituto de História e Arte Cristãs (IHAC), o cónego José Paulo Abreu, revelou ontem que existe um projeto delineado para o estudo e a publicação de escritos inéditos do D. Frei Bartolomeu dos Mártires, antigo Arcebispo de Braga, que foi canonizado a 10 de novembro de 2019, na Basílica de São Pedro, pelo Papa Francisco.
Esta figura maior da Arquidiocese de Braga e da igreja portuguesa foi um dos místicos que esteve em destaque no I Congresso Internacional de Espiritualidade e de Mística que se realizou no Bom Jesus, de 24 a 27 de abril.
“Há escritos dele que ainda ninguém conhece, não são ainda públicos, são inéditos», notou o cónego José Paulo Abreu que neste evento apresentou uma conferência sobre o S. Bartolomeu dos Mártires.
Em declarações ao Diário do Minho, o presidente do IHAC disse que a concretização deste “projeto de grande fôlego” vai depender dos meios a angariar.
“Precisamos de encontrar meios para sustentar este projeto de grande investigação, do D. Frei Bartolomeu dos Mártires há muito mais para contar e gostaríamos de o poder fazer com o intuito de atingirmos um objetivo superior que era vê-lo incluído na lista dos Doutores da Igreja, porque ele o merece”, explicou.
O Instituto de História e Arte Cristã, através do cónego José Paulo Abreu, está envolvido e a trabalhar com outras instituições académicas no sentido de criar as condições para o estudo e a publicação destes escritos inéditos.
Arcebispo de Braga de 1559 a 1582, D. Frei Bartolomeu dos Mártires ficou conhecido mundialmente devido à sua participação no Concílio de Trento (1561-63).
Na Arquidiocese de Braga, notabilizou-se pela realização de visitas pastorais, empenho na evangelização do povo e formação do clero.
Em 1582 renunciou ao arcebispado e recolheu-se ao convento dominicano da Santa Cruz, na cidade de Viana do Castelo, onde viria falecer a 16 de julho de 1590, com 76 anos.
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