Arquidiocese de Braga -

18 julho 2024

90º aniversário da fundação da paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem de Aguçadoura

Fotografia

Paróquia Senhora da Boa Viagem de Aguçadoura

No dia 25 de julho de 2024 celebra-se em simultâneo o 90º aniversário do nascimento da paróquia de Aguçadoura e o 150º aniversário da entronização da imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem de Aguçadoura

No dia 25 de julho de 2024, quinta-feira, a Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem de Aguçadoura, do concelho da Póvoa de Varzim, Arciprestado de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, celebra o 90º aniversário do seu nascimento, constituída no ano de 1934.

Também neste dia assinala-se a efeméride do aniversário da Consagração da Imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem, feita em 25 de julho de 1874. Assim, nesse dia, teremos Eucaristia Solene, às 20h30, com a presença de todos os movimentos da paróquia e de todas as associações de Aguçadoura, seguida da Procissão de Velas, que percorre várias artérias da vila de Aguçadoura.

“Este será o pontapé de saída para muitos eventos que teremos ao longo dos próximos 10 anos, altura de celebrarmos 100º aniversário da fundação da Paróquia de Aguçadoura”, concluiu o pároco, padre Paulo Sérgio Rodrigues da Silva.

As origens da Padroeira 

Até ao ano de 1933, Aguçadoura era um lugar da freguesia de Navais. Voltando mais atrás no tempo, Navais, até à reforma administrativa de 1836, era freguesia do concelho de Barcelos, juntamente com outras freguesias vizinhas. A emancipação de Aguçadoura começa a ganhar força no longínquo ano de 1730, quando o Visitador (delegado do Arcebispo de Braga) se encontra em Navais e os habitantes do lugar lhe dirigem uma petição, dizendo que é muito difícil no inverno irem à Missa, pois a igreja fica distante e os caminhos estão constantemente inundados. Pedem então autorização para construírem uma capela no lugar de Aguçadoura, onde fosse possível administrar os Sacramentos aos 25 fogos locais. O Visitador concorda e autoriza a construção, mas a expensas dos moradores locais.

Os anos passam e a capela não é erguida e o delegado episcopal intimida os moradores com uma penalização monetária pela não construção da capela pedida. Em 1771 é noticiado que a Igreja de Navais também está bastante degradada e os moradores do lugar de Aguçadoura faltam muito às Missas no período de inverno, devido ao estado lastimável em que os caminhos ficavam, com lama, lodo e inundações. Isto também impede o pároco de Navais de administrar os sacramentos aos doentes do lugar no período de inverno.

Passam mais de 100 anos e a capela não é construída. As divergências entre os habitantes do lugar de Aguçadoura e restante freguesia de Navais vão-se agudizando, ao ponto de o Visitador, em 1825, apontar que os habitantes locais nem aos funerais comparecem, sendo que na altura a Igreja determinava que uma pessoa de cada família deveria ir aos funerais, sob pena de multa. Por esta altura, já o lugar tinha mais moradores que a restante freguesia de Navais e lamentava a falta de investimento nas infraestruturas do lugar.

Apenas em 1873, um casal de lavradores de Aguçadoura, irá propor ao Arcebispo a autorização da construção da capela, a fim dos habitantes locais cumprirem os preceitos religiosos. A autorização é concedida, com a exigência prévia de doação para a conservação do edifício. O documento de doação dos terrenos data do dia 8 de março de 1874, mas é relatado que a capela foi erguida no ano anterior.

Para a nova capela é necessário um orago. Será escolhida como patrona da capela, Santa Maria, sob a invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem, por em Aguçadoura praticamente todos os moradores terem familiares que partiam para as colónias no ultramar.

A imagem, que é a atual padroeira de Aguçadoura, veio da Igreja de Santa Maria do Bouro (Amares). Segundo a tradição e memória, um habitante de Navais, que frequentemente ia a Braga tratar de assuntos da igreja, sabia que o pároco de Santa Maria do Bouro tinha uma imagem para venda, imagem essa que tinha sido escondida aquando das invasões francesas. 

Sabendo da pretensão dos moradores de Aguçadoura, foi feito o contato para a aquisição dessa escultura. Originalmente esta imagem teria sido consagrada à invocação de Nossa Senhora dos Navegantes.

Em 1873 é erguida a capela, com a consagração da mesma à invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem. Face à oposição do Abade de Navais, só no ano seguinte puderam inaugurar solenemente a capela "para celebração dos ofícios divinos e administração dos sacramentos". Com este novo equipamento, o povo local passa a poder cumprir as obrigações religiosas com mais frequência.

Em 1906 são criadas as feiras francas na Póvoa de Varzim, o que permite o desenvolvimento económico de Navais e do lugar de Aguçadoura, e neste ano a capela é ampliada. Em 1908 surge novo problema entre as gentes do lugar de Aguçadoura e a paróquia do Divino Salvador de Navais, por causa de peditórios realizados nas Missas dos dias de preceito na Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, e começa por esta data mais uma longa série de desentendimentos entre a população do lugar de Aguçadoura e a sede da paróquia, com a administração da freguesia, e inclusive com a Arquidiocese, agudizada pela situação do 5 de Outubro de 1910, que também dividiu a freguesia de Navais entre monárquicos e republicanos.

O antigo anseio da independência administrativa e religiosa em relação a Navais ressurge quando Aver-o-Mar se separa da freguesia de Beiriz. É constituída uma comissão para a luta da emancipação em relação a Navais. Em 24 de outubro de 1933 é publicado o decreto-lei que cria a nova freguesia de Aguçadoura. De seguida começou-se a tratar da independência religiosa em relação a Navais, o que era facilitado por Aguçadoura ter uma capela servida por um capelão.

No dia 13 de dezembro de 1933 é dirigida ao Sr. Arcebispo a petição para a criação da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem de Aguçadoura. No dia 25 de julho de 1934 o Arcebispo de Braga, D. António Bento Martins Júnior, oficializa a criação da nova paróquia. Em outubro do mesmo ano, o Padre Augusto Soares toma posse como o primeiro pároco de Aguçadoura.

Com uma população em franco crescimento, a Capela da Senhora da Boa Viagem, da qual resta atualmente apenas a frontaria e a torre sineira, torna-se exígua, sendo substituída pela atual igreja paroquial em 1957, que ainda é a que maior capacidade de lugares sentados de todo o concelho.

Atualmente a Paróquia continua a ter uma prática religiosa bastante significativa, com um índice de emigrantes considerável.

O padre Paulo Sérgio Rodrigues da Silva, pároco desde outubro de 2023, afirma que é uma paróquia com grande potencial e com muitos colaboradores. Neste momento estão em estudo algumas obras de remodelação, como a Casa Paroquial, a Casa Mortuária e a Igreja Paroquial.