Arquidiocese de Braga -

8 setembro 2025

Canonização de S. Carlo Acutis mostra que a santidade é possível para todos

Fotografia DM

José Carlos Ferreira - DM

D. Delfim Gome presidiu à Eucaristia da Romaria de Nossa Senhora dos Remédios, em Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto

O Bispo Auxiliar de Braga, D. Delfim Gomes, disse este domingo que a Igreja ao canonizar S. Carlo Acutis envia a mensagem que a santidade é possível para todos. Inclusive para os jovens da era digital.

Presidindo à Eucaristia Solene da Romaria de Nossa Senhora dos Remédios, em Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto, o prelado dedicou uma parte da sua homilia ao jovem que foi este domingo canonizado santo pelo Papa Leão XIV na Praça de S. Pedro, no Vati-
cano.

Um jovem de 15 anos, disse, que gostava de computadores, futebol, de pizza, «e apaixonado pela Eucaristia, com o coração inteiramente voltado para Deus».

Para o prelado, os cristãos são convidados a contemplar esta vida luminosa, este legado espiritual que toca o coração de muitas pessoas no mundo. Segundo sublinhou, S. Carlo Acutis entendeu profundamente as Palavras de Jesus quando disse: “Eu sou o Pão da Vida, quem vem a Mim nunca mais terá fome”. O jovem «costumava dizer que a “Eucaristia é a minha estrada para o céu”». «Participava na Eucaristia diariamente e passava horas em oração ao Santíssimo Sacramento. Para ele, Jesus não era uma ideia abstrata, mas um amigo real, presente, vivo», acrescentou.

Neste mundo, frisou ainda D. Delfim Gomes, onde tantos jovens se perdem em distrações e superficialidades, S. Carlos Acustis mostrou que é possível viver a fé com alegria, autenticidade e profundidade. «Ele usou a internet não para se exibir, mas para evangelizar, criando exposições sobre os milagres eucarísticos e também promovendo os valores do Evangelho», lembrou o Bispo Auxiliar de Braga. Na sua homilia, o prelado recordou ainda as palavras do Papa Francisco. «Carlo soube usar os meios modernos para comunicar beleza e verdade». Contudo, sublinhou, o que torna S. Car-
lo Acutis especial não é apenas a sua devoção. «É a sua coerência de vida», sustentou, vincando a afirmação do novo santo quando dizia: “todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias”. «Carlo escolheu ser original, escolheu ser santo, e essa escolha não o afastou do mundo, pelo contrário, aproximou-o dos pobres, dos marginalizados, dos colegas que sofriam. Ele via o rosto de Cristo nos mais fracos. Hoje, somos também chamados a fazer  o mesmo, a colocar Deus em primeiro lugar, a buscar a santidade no ordinário da vida, a transformar a nossa vida numa estrada para o céu. Queremos pedir ao Santo Carlos Acuti que interceda por nós, especialmente pelos nossos jovens, para que descubram a verdadeita felicidade», disse.

 

Coração da missão de cada cristão é anunciar o Evangelho e viver Jesus

O Bispo Auxiliar de Braga sustentou que o coração da missão de cada cristão é anunciar o Evangelho e anunciar Jesus Cristo.

Para D. Delfim Gomes, que presidiu à Eucaristia solene da Romaria de Nossa Senhora dos Remédios em Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto, «quem embarca na aventura do Reino tem de o fazer sem reticências, sem condições, com total empenho e compromisso, porque ser discípulo de Jesus é ir atrás dele».

O prelado, na sua homilia, disse que o Reino deve ser para os discípulos de Jesus a prioridade máxima, a pérola preciosa, o tesouro escondido, pelo qual vale a pena deixar tudo o resto. «É por isso que o nosso entusiasmo e a nossa fé tem de ser, e deve ser, contagiante. Nós congregámo-nos, às vezes, em grandes romarias, em grandes procissões, em grandes acontecimentos. E bem, Mas será isso aquilo que é o coração da nossa missão? O coração da missão de cada cristão é anunciar o Evangelho, é anunciar Jesus Cristo, é viver Jesus Cristo, é ser testemunha coerente, fiel do mesmo Evangelho», salientou.

Segundo o prelado, o essencial da missão é o cristão fazer-se discípulo missionário, tocando o coração dos seus próximos, porque a vida cristã é uma constante viagem. «Hoje, muitos dos que se dizem cristãos só o são, de facto, de nome. Só o são de registo a nível do livro, não seguem o caminho de Jesus. Ficam no ponto de partida, ou fazem outra viagem  com outros parceiros. A nossa viagem, a nossa vida, o nosso caminho é Jesus Cristo», salientou.

E, para esta viagem, acrescentou D. Delfim Gomes, a bagagem do cristão é a cruz.

«Cada um com a sua, sabendo que Deus é a nossa esperança e só n’Ele está a fonte de vida», concluiu.

 

Romaria muito sentida

A Celebração da Eucaristia solene e a procissão do triunfo em honra de Nossa Senhora dos Remédios são os grandes momentos da romaria que une a devoção dos habitantes de Arco de Baúlhe e das freguesias vizinhas, todas pertencentes ao concelho de Cabeceiras de Basto, e até de outras localidades do distrito de Vila Real.

Segundo o pároco de Arco de Baúlhe, uma frase que é muito usada diz bem da devoção deste povo: “Nossa Senhora dos Remédios, o coração de Arco de Baúlhe é para sempre teu”.

«As pessoas amam e esperam todo o ano por esta festa. Não é porque tem a diversão, mas é, sobretudo, pela fé», disse o padre Rui Araújo.

O sacerdote aponta como exemplo a noite de sexta-feira, em que um «mar de fiéis» dá corpo à procissão de velas, «com respeito, com oração, com carinho, pessoas que até choram ao ver a imagem a sair».

«De facto, têm um amor incondicional a Maria porque sentem como sua pertença, como algo que já faz parte da genética do povo do Arco de Baúlhe. Não só daqui porque extravasa as fronteiras desta freguesia. Temos as freguesias que são irmãs da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios e também Atei, já no distrito de Vila Real», salientou.