Arquidiocese de Braga -

8 setembro 2025

Na Romaria de Porto de Ave, D. José Cordeiro alertou para a tentação de felicidade efémera

Fotografia Francisco de Assis

Francisco de Assis - DM

Arcebispo Metropolita de Braga presidiu à Eucaristia Solene e lembrou que a Cruz é mesmo um identificativo dos cristãos

A majestosa procissão, na tarde de deste domingo, concluiu uma novena de dias da Romaria de Nossa Senhora de Porto de Ave, em Taíde, Póvoa de Lanhoso, naquele que foi, sem dúvida, o dia maior das festividades. A Eucaristia Solene foi presidida pelo Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, que lembrou aos romeiros e peregrinos que a Cruz de Cristo é mesmo um identificativo dos cristãos, e alertou ainda para os perigos e ilusão da felicidade efémera.

De facto, durante nove dias, o Santuário de Nossa Senhora de Porto de Ave e a freguesia de Taíde em geral foram motivo de romaria, pelas mais variadas razões. Por motivos religiosos, pelos espetáculos no âmbito da Noite Gerações, pela tradição da romaria dos bifes, bem como pela romaria dos melões de casca de carvalho, cada vez mais raros.

Este domingo, a missa foi celebrada por D. José Cordeiro e concelebrada pelo pároco, padre Augusto Batista; pelo arcipreste da Póvoa de Lanhoso, padre Albino Carneiro; e pelo padre Miguel Neto, assessor do Arcebispo de Braga.

Os membros da Confraria de Nossa Senhora de Porto de Ave vestiram os seus melhores fatos para a principal cerimónia do ano e da instituição.

O presidente da Câmara da Póvoa de Lanhoso, Frederico Castro, o presidente da Assembleia Municipal, o presidente dos Bombeiros da Póvoa de Lanhoso e várias outras personalidades participaram na eucaristia.

Na sua homilia, D. José Cordeiro serviu-se do Evangelho, onde Jesus colocou em “pratos limpos”, as dificuldades em ser-se Seu discípulo. Ou seja, Cristo propõe que os homens deixem os sete objetos de amor maior na vida de cada pessoa para O seguir: isto é, «o pai, a mãe, a esposa, os filhos, os irmãos, as irmãs, a própria vida». E questionou: «então, temos que preferir Jesus, preferir Deus antes destes meus queridos, aqueles que são a razão de ser, o nosso amor do coração? Sim, para quem quer a plenitude da vida, a plenitude da liberdade e do amor, é este o caminho. Porque amar a Deus é amar a verdade, amar a justiça», clarificou.

O prelado acrescentou que amar em primeiro lugar a família e a própria vida, muitas vezes «pode levar-nos a pisar a verdade e a justiça».

Segundo D. José, existe a tentação, na oração pessoal ou numa visita a um «santuário magnífico como o de Senhora de Porto de Ave, de pedir que Deus nos livre da cruz.

«Pode libertar-nos dessa cruz, mas pode vir um outro maior», advertiu. Por isso, referiu, «o caminho é integrar a cruz na própria vida. Deus não nos livra da cruz, não nos salva da cruz porque não salvou o seu próprio filho da Cruz. Por isso, a cruz é mesmo um identificativo dos cristãos, dos seguidores de Jesus. A cruz para nós é o caminho da Páscoa, como estamos a percorrer no itinerário pastoral da Arquidiocese de Braga. Juntos, no caminho de Páscoa, para levar Jesus a todos e todos a Jesus».

Santos Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati são inspiração

O Arcebispo Metropolita de Braga frisou que hoje muitas pessoas procuram viver sem Deus e gostariam de viver sem Deus.  «Querem viver sem Deus ou pensam que viver sem Deus dá maior liberdade, dá maior conforto, dá maior felicidade. Pode dar momentaneamente. Mas é tudo tão passageiro, que depois falta o sentido da felicidade maior, da esperança maior», disse.

No dia em que a Igreja ganhou dois novos santos, ambos jovens, D. José Cordeiro apresentou-os também no Santuário de Nossa Senhora de Porto de Ave como inspiradores da santidade. Ambos foram testemunhas do «seguimento radical de Jesus». «O seu amor apaixonado a Jesus levou-os a ter um amor apaixonado aos pobres, a partir da participação diária na Eucaristia».

O prelado recordou que a Arquidiocese de Braga está a tentar valorizar a eucaristia, a partir das conclusões do V Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Braga, a partir da devoção à Nossa Senhora. «Eles que sentiam a Eucaristia como o sol que iluminava a sua vida». «Pier Giorgio Frassati dizia que, de manhã, participava na Eucaristia, comungava Jesus, e durante o dia retribuía esse amor, visitando e ajudando os mais pobres. Ambos souberam olhar para o alto e para a frente. É isso que também nós somos convidados», afirmou D. José, para incentivar os cristão a participar na eucaristia e a colocar em prática a aprendizagem do Evangelho.

Confraria faz balanço muito positivo da romaria

O Juiz da Confraria de Nossa Senhora de Porto de Ave fez um balanço «muito positivo» da Romaria de 2025.

«Tem corrido muito bem, principalmente na parte religiosa. Tem tido bastante afluência durante estes nove dias. A parte profana também tem tido  muita gente», disse Francisco Soares, ao Diário do Minho. Este responsável considera que o programa «era bom» e fez deslocar muita gente a Taíde.

Os bifes, outra tradição da romaria de Porto de Ave, o feedback que teve é que foi «uma maravilha».

Em relação à romaria dos melões, que não é da responsabilidade da confraria, há cada vez menos, conforme disse ao Diário do Minho, Domingos Silva que, juntamente com a mulher, Adelaide era a única banca. «Ontem [sábado], ainda esteve cá um de Famalicão mas hoje [domingo] já nem veio. E venho aqui há 35 anos e nunca esteve assim. Venho pela tradição e pela solidariedade».