Arquidiocese de Braga -

12 setembro 2025

CEP divulga o comunicado final do XVI Encontro dos Bispos dos Países Lusófonos

Fotografia Agência ECCLESIA/PR

Assessoria de comunicação da CEP

O encontro encerrou hoje o seu programa em Lisboa. Segue-se, em Fátima, a participação na Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de setembro

1. Sob o lema “viver a paz na hospitalidade”, decorreu em Lisboa (Portugal), de 9 a 12 de setembro de 2025, o XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, que terminou em Fátima com a participação na Peregrinação Internacional Aniversária de 12 e 13 de setembro. Participaram no encontro as seguintes delegações:

  • Angola: D. José Manuel Imbamba, Arcebispo de Saurimo e Presidente da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), e D. Maurício Agostinho Camuto, Bispo de Caxito e Secretário-Geral da CEAST;
  • Brasil: D. Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, Arcebispo de Olinda e Recife, 2.º Vice-Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB);
  • Cabo Verde: D. Ildo Fortes, Bispo de Mindelo;
  • Guiné-Bissau: D. José Lampra Cá, Bispo de Bissau;
  • Moçambique: D. Inácio Saure, Arcebispo de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), D. João Carlos Hatoa Nunes, Arcebispo de Maputo e Vice-presidente da CEM, e D. Osório Citora Afonso, Bispo de Quelimane e Secretário da CEM;
  • Portugal: D. José Ornelas Carvalho, Bispo de Leiria-Fátima e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP); D. Virgílio Antunes, Bispo de Coimbra e Vice-Presidente da CEP, P. Manuel Joaquim Gomes Barbosa, Secretário da CEP, Jorge Líbano Monteiro, Presidente da Fundação Fé e Cooperação (FEC), e Ana Patrícia Fonseca, Diretora da FEC;
  • S. Tomé e Príncipe: D. João Nazaré, Bispo de São Tomé e Príncipe;
  • Timor-Leste: D. Norberto do Amaral, Bispo de Maliana e Presidente da Conferência Episcopal Timorense (CET), e P. Levinson da Conceição Verdial, Secretário particular de D. Norberto.

2. O Encontro decorreu em espírito de oração e fraternidade entre todos os participantes, num desejo de partilha, aprendizagem mútua e colaboração, permitindo atingir os objetivos que tinham sido definidos: partilhar a realidade e o futuro da Igreja em cada país; partilhar e debater internamente boas práticas pastorais e organizacionais; identificar programas concretos de parceria e cooperação entre as Igrejas; refletir sobre o papel da Igreja na construção da paz, através da vivência fraterna da hospitalidade. Uma temática refletida nos relevantes contextos eclesiais que estamos a viver: celebração do Jubileu 2025 como “peregrinos de esperança” e fase de implementação do Sínodo 2025-2028.

3. Na sessão de abertura, com a presença da comunicação social, D. José Ornelas afirmou que “a partilha missionária entre as nossas Igrejas constitui uma das realidades que nos desafiam no processo sinodal que estamos a percorrer em todo o mundo, tanto no que toca aos recursos humanos e materiais, como na formação de agentes pastorais, na troca de experiências de evangelização e no nosso comum empenhamento na justa fraternidade entre os nossos povos”.

Na mesma sessão, D. José Manuel Imbamba desejou “que as Igrejas de expressão portuguesa pretendem ser pontes que unem, Igrejas que acolhem e partilham as riquezas infinitas que brotam do amor divino, para que a ninguém falte o alimento necessário para viver na dignidade dos filhos de Deus; pretendem fazer da hospitalidade um caminho indispensável para a promoção da cultura do encontro enriquecedor, do abraço acolhedor, da inclusão dignificante, do diálogo integrativo, da justiça restauradora, do amor renovador e da paz libertadora; pretendem, enfim, testemunhar e mostrar ao mundo que é possível o convívio de culturas, é possível trabalharmos todos por um mundo mais humano e fraterno e multirracial”.

4. Da partilha de experiências e perspetivas das comunidades na diáspora nos países de acolhimento, destacamos alguns desafios sociais e pastorais, em atitude fraterna e em perspetiva de esperança:

  1. Importância da evangelização de modo renovador num dinamismo sinodal como essência da nossa identidade e missão;
  2. Relevância do processo sinodal como comunhão, participação e missão, na escuta do Espírito e uns dos outros, em ordem à renovação e à conversão pastoral das comunidades cristãs e organismos eclesiais nas nossas Igrejas;
  3. Definição das condições e critérios de colaboração em relação ao intercâmbio de padres e agentes pastorais: existência de um protocolo entre a diocese que envia e a diocese que acolhe, envolvendo as conferências episcopais como coordenadoras nesse processo; definição do objetivo e projetos de modo concreto (estudo, formação, trabalho pastoral, duração da colaboração, etc.); previsão de processos de inserção e inculturação, preparados pelas conferências episcopais.
  4. Necessidade de informação objetiva e articulada sobre os institutos de vida consagrada que solicitam a sua presença nas nossas Igrejas locais.
  5. Maior atenção ao acolhimento, proteção, promoção e integração dos migrantes e refugiados por parte das comunidades na diáspora, respeitando a sua diversidade cultural e a dignidade de cada pessoa e de cada família que migra, e lutando contra a legislação que atenta a esses princípios;
  6. Exercício de uma pastoral de proximidade numa Igreja que sai ao encontro das pessoas e promove a transformação da sociedade e das estruturas existentes;
  7. Cuidado com a formação dos sacerdotes e agentes pastorais, procurando-se sinergias e maior colaboração entre as nossas Igrejas;
  8. Atenção particular aos jovens, em ordem ao seu acolhimento e inserção criativa na vida das nossas comunidades e organismos eclesiais;
  9. Partilha de recursos humanos, formativos e materiais entre as nossas Igrejas, num efetivo trabalho em rede, coordenado pelas conferências episcopais;
  10. Urgência de as nossas Igrejas serem proféticas e portadoras de esperança junto da sociedade, afirmando com clareza e coragem a verdade e a justiça, combatendo as injustiças sociais e todas as formas de pobreza, respeitando o Estado de direito democrático e o acesso ao desenvolvimento como caminho para viver a paz, a fraternidade e a hospitalidade.

5. Em comunhão com o Papa Leão XIV, que apela a uma cultura de pontes, reconciliação e paz (“guerra nunca mais!”), lamentamos vivamente as guerras em curso que tiram a dignidade e a vida de milhões de pessoas em diferentes regiões do mundo, especialmente na África, na Europa e no Próximo Oriente. Rezamos pelos povos que são vítimas das extremas violências e mortes, e apelamos aos líderes políticos que acabem as guerras e estabeleçam o diálogo para a edificação da paz.

6. Manifestamos de modo especial a nossa profunda solidariedade e apoio para com o povo de Cabo Delgado (Moçambique), desde 2017 vítima de bárbaros atos de violência, destruição e morte, que veementemente condenamos. Exortamos de novo a comunidade internacional a contribuir para uma efetiva situação de paz em Cabo Delgado.

7. O encontro com o Presidente da República, que nos acolheu no Palácio de Belém, constituiu um momento importante dos nossos trabalhos. A mensagem que nos deixou e o diálogo connosco estabelecido reforçam a nossa atenção à construção da paz e da hospitalidade, o cuidado pelo acolhimento, inclusão e acompanhamento dos migrantes, o respeito pela diversidade no contexto da liberdade religiosa, o combate às indiferenças e aos radicalismos, o cuidado da casa comum e da ecologia integral.

8. Participámos no Colóquio “Fraternidade, novo nome para a Paz”, celebrativo do 35.º aniversário da FEC – Fundação Fé e Cooperação, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa. Num momento em que as relações internacionais e o sentido de uma comunidade global estão ameaçados e em que aumenta a tendência para a defesa e protecionismo, é fundamental restabelecer a diplomacia da fraternidade, assente na comunhão, na cooperação e na relação entre os povos, capaz de afirmar o bem comum, a dignidade humana, a coesão e a paz mundial.

9. Em atitude de escuta e diálogo tivemos a oportunidade de acolher os vários serviços da Conferência Episcopal Portuguesa, nalguns setores de atividade: questões sociais, justiça e paz e Cáritas; pastoral das migrações e dos ciganos; educação cristã nas catequeses das paróquias e no ensino das escolas públicas e particulares; comunicação; liturgia e espiritualidade; bens culturais; situação das famílias e leigos mais comprometidos nos organismos eclesiais; cooperação internacional, em particular com as Igrejas dos países lusófonos.

10. Reiteramos a importância da colaboração e partilha entre as Igrejas que falam português e incentivamos uma ligação ativa entre os nossos encontros bienais, pedindo à FEC a manutenção dessa relação, em articulação com a presidência em exercício.

Ficou definido que o XVII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos se realizará em São Tomé e Príncipe, de 12 a 17 de janeiro de 2027.

 

Lisboa e Fátima, 13 de setembro de 2025