Arquidiocese de Braga -
21 novembro 2025
Opinião
A Liberdade Religiosa: “Noite das Testemunhas” pela AIS na paróquia de Lomar
Pe. Simon Okechukwu Ayogu C.S.Sp
Os atuais desafios à liberdade religiosa em muitas partes do mundo têm implicações inegáveis em termos de justiça e paz. A sociedade está repleta de estatísticas e tendências a este respeito. Alguns idolatram até esses números, usando-os para os seus interesses egoístas, sem fazerem nada para melhorar a situação das pessoas por trás dos números e estatísticas que divulgam de forma calculista.
Além de muitos países legislarem sobre a liberdade religiosa, a ONU, através do “Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos” (PIDCP), garante que se trata de um direito humano e universal.
Através deste artigo pretendo aproveitar os trabalhos da AIS e outras entidades homologados por exemplo, Open Doors International, como exemplo do que qualquer um de nós pode fazer perante o ataque persistente à liberdade religiosa de alguns dos nossos irmãos e irmãs na fé.
A liberdade religiosa consiste na faculdade de cada um aderir e exercer a sua fé, ou livremente a negar, sem ingerência governamental ou estatal. Inclui o direito de adorar, ensinar, promover e mudar de confissão religiosa, bem como o direito de não ter religião.
Trata-se de um direito humano fundamental, assegurado e protegido pelo direito internacional e pelas leis de muitas nações, embora os seus limites e aplicações específicas sejam frequentemente debatidos a nível nacional e internacional.
É o direito de manifestar livremente a religião ou crença, seja através do culto, do ensino, da observância pública ou privada das práticas, seja de forma individual ou em comunidade. Enquanto conceito jurídico-político, é o direito de cada pessoa não ser obrigada a aderir a qualquer tipo de religião por qualquer motivo.
O problema inerente a este tema é evidenciado pelos debates provocados nos média. A aplicação da liberdade religiosa é frequentemente complexa, especialmente quando as práticas religiosas entram em conflito com outras disposições sociais e legais, ou quando a liberdade religiosa de alguém afeta a dos outros.
É imperativo reconhecer que a situação é ainda mais premente quando convivemos com pessoas ou comunidades em que a discriminação e a opressão religiosas assumem a forma de perseguição subtil e até armada. É inaceitável que mais de metade da população mundial viva em países onde a liberdade religiosa é sistematicamente violada no século XXI. Esta situação exige uma resposta imediata e contundente.
Com especial enfoque no evento AIS “Noite das Testemunhas” que decorreu na Paróquia de Lomar, na Arquidiocese de Braga, vamos demonstrar que ainda há esperança para a vida cristã que apesar da perseguição, continua a crescer no mundo, apostando na fraternidade universal.
Entre 15 e 23 de novembro deste ano, no âmbito da “Semana Vermelha”, a “Fundação Ajuda à Igreja que Sofre”, (AIS), em Portugal fez uma viagem de trabalho de sul a norte do país, dando a conhecer o seu trabalho de velar pelas vidas dos cristãos perseguidos, rezando por eles e assim, ajudando a manter a comunhão entre nós e os nossos irmãos na fé, perseguidos mas não esquecidos.
O padre Hugo Alaniz, missionário Argentino em Alepo na Síria, expôs, através de histórias pessoais, a vida dramática dos cristãos naquela país, deixando os presentes de boca aberta com detalhes perturbadoras. Viver na Síria, ou melhor, sobreviver, é um desafio renovado a cada dia que passa. Como consequência dos múltiplos problemas socioeconómicos enfrentados pela Síria, grupos extremistas aproveitaram a situação já precária para causar um sofrimento incalculável. Os grupos islâmicos extremistas massacram e expulsam cristãos, levando a uma drástica diminuição do seu número. O ataque à igreja em Damasco, em junho deste ano, é um exemplo disso. O padre Hugo pede a nossa oração e apoio.
Catarina Bettencourt, diretora da Fundação AIS, encheu a igreja de números e dados que mostram o problema e os esforços da AIS para ajudar os afetados. Ela demonstrou como a apatia em relação aos cristãos se tornou generalizada em muitas partes do mundo. Os dados alarmantes e comoventes não só despertam compaixão pela humanidade desamparada, como também nos impulsionam a agir para conter a crescente onda de violência infligida às pessoas por causa das suas crenças religiosas.
A “Semana Vermelha”, a “Noite das Testemunhas” e o trabalho da AIS não visam suscitar sentimentos de pena pelos cristãos perseguidos. Pelo contrário, somos convidados a agir, a questionar quem vive esta vida dramática sobre o que se pode fazer para aliviar os seus sofrimentos. Somos convidados a cuidar da educação que proporcionamos aos nossos familiares sobre a liberdade religiosa, especialmente às crianças e a influenciar os responsáveis políticos para que introduzam políticas que combatam a perseguição por razões religiosas. Todos nós podemos fazer a diferença, pois a liberdade religiosa não é um privilégio de alguns mas sim um direito de todos.

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