Arquidiocese de Braga -

12 fevereiro 2022

D. José Cordeiro tomou posse como Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas

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DACS | Fotos: DACS

À tomada de posse seguiu-se a primeira conferência de imprensa de D. José Cordeiro como Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, que decorreu no Museu Pio XII, pelas 17h00.

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D. José Manuel Garcia Cordeiro tomou hoje posse como Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas na Sé Catedral, às 16h00.

A cerimónia foi transmitida em directo pela DMTV, à semelhança do que acontecerá amanhã, durante a Eucaristia Solene que assinala o início do Ministério Pastoral de D. José Cordeiro na Arquidiocese de Braga. A transmissão foi acompanhada pela narração dos acontecimentos pela voz do historiador Rui Ferreira e do Pe. Marcelino Ferreira, Vice-Arcipreste de Braga.

Durante a Invocação inicial, o Cónego Joaquim Félix saudou o novo Arcebispo e todos os presentes, bem como todas as pessoas que assistiram à cerimónia através das transmissões em direto.

“É uma hora de confiança que nos faz estremecer na consolação e comunhão que há no Espírito e nos coloca na Liturgia da perfumada gratidão. Sim, para agradecer, por um lado, a intensa e cordial caridade pastoral de D. Jorge Ortiga, que termina o seu ministério como Arcebispo de Braga e, por outro, a abundante graça de D. José Cordeiro, que assume o serviço de anunciar e experimentar com ousadia a alegria do Evangelho desta Igreja local”, referiu.

 

De seguida, D. Ivo Scapolo, Núncio Apostólico, proferiu uma breve homilia em que aludiu ao “momento histórico” que a Arquidiocese se encontra a viver.

“Estas poucas, mas preciosas palavras do Apóstolo Paulo, ajudam a evidenciar os elementos essenciais que devem caracterizar a qualidade e a beleza de uma Igreja particular como é, neste caso a Arquidiocese de Braga: a fé profunda em Cristo ressuscitado, a caridade concreta à imitação de Jesus, a esperança dinamizadora na vida futura nos Céus onde Jesus foi preparar um lugar para nós. A fé, a esperança, a caridade: são as joias preciosas, o património magnífico, que cada Igreja particular deve guardar, aumentar e compartilhar mediante uma multiplicidade de estruturas e actividades pastorais, sob a guia do seu Pastor”, afirmou, referindo-se à Carta do Apóstolo Paulo aos Colossos.

Depois da intervenção de D. Ivo Scapolo, foram lidas pelo Cónego João Paulo Alves, Chanceler da Arquidiocese, as Letras Apostólicas e assinada e exonerada a Acta que oficializou a Tomada de Posse.

O Deão do Cabido, o Cónego José Paulo Abreu, referiu a “mudança emblemática do brasão episcopal” e deu as boas-vindas a D. José Cordeiro.

“Bem-vindo senhor Dom José Cordeiro. Sabemos que a mesa continuará posta, que o Evangelho não nos faltará, que Deus continuará, pela voz, sabedoria e empenho de Vª Ex cia Revma., a ser semeada no coração de todos nós”, saudou.

O Deão observou que a mudança de brasão é um “renovar de esperança” e um “sinal de acolhimento” à doutrina que será comunicada, bem como um um gesto de abertura ao Deus que fala pelos profetas de todos os tempos, os de ontem, os de hoje, os de amanhã”.

“Que Deus continue – por Vª Excia Revma., a falar ao Seu povo, aliás fazendo jus ao seu lema: «Ad docendum Christi mysteria». Que nossos ouvidos estejam atentos à voz d’Ele. Possam nossos corações transformar-se pelo dinamismo da Boa Nova. E possa o mundo sentir a força revolucionária do amor de Deus que, pela Palavra, nos é dado a conhecer!”, pediu.

O Cónego José Paulo Abreu agradeceu ainda a D. Jorge Ortiga, Arcebispo Emérito, “por tantos e tantos ensinamentos recebidos, por tanto alimento repartido, por tanta paixão no anúncio das maravilhas de Deus”.

As Armas de Fé de D. José Cordeiro foram, de seguida, colocadas na Cátedra.

O Arcebispo Emérito também quis saudar D. José Cordeiro e agradeceu a Deus por conceder à Arquidiocese um novo Arcebispo para a guiar.

“Esta gratidão de Deus que nos vem do Papa Francisco por intermédio do Sr. Núncio Apostólico e com certeza que a Igreja se sente grata precisamente por isso”, observou, acrescentando que, “em sinodalidade”, deseja caminhar com D. José Cordeiro para que a Palavra de Deus ecoe em todas as 552 paróquias da Arquidiocese, grupos, movimentos, congregações e em todos os sinais de vida da comunidade.

 

D. José Cordeiro: “O meu coração está em Braga

À tomada de posse seguiu-se a primeira conferência de imprensa de D. José Cordeiro como Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas, que decorreu no Museu Pio XII, pelas 17h00, moderada pelo Pe. Paulo Terroso, Director do Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Braga.

Perante dezenas de jornalistas, D. José Cordeiro, Arcebispo Primaz, respondeu a várias questões que abordaram diferentes temas, como a pobreza, a caridade, o Sínodo, o território da Arquidiocese e até o Acordo de Cooperação Missionária com a Diocese de Pemba. Questionado sobre se teria sentido medo com a nomeação como Arcebispo de Braga, D. José respondeu convictamente que não. 

“O medo é o maior obstáculo à esperança. Tenho consciência da complexidade da missão, mas a esperança é sempre maior. Aliás, gostaria de me surpreender todos os dias com a esperança”, afirmou.

Sobre as feridas sociais e a pobreza existente no território, o Arcebispo recordou uma carta que lhe foi endereçada por um jovem, pedindo-lhe que não esquecesse os pobres, nem os jovens, algo que o terá “marcado profundamente”.

“No seguimento de tantos Arcebispos Santos desta Arquidiocese, a caridade pastoral é para continuar. O nosso plano pastoral fala-nos disso mesmo, de uma Igreja Sinodal e Samaritana. A Igreja é chamada a fazer sempre o bem”, frisou.

Quanto às mudanças culturais que pautam a sociedade de hoje em dia, D. José foi peremptório ao dizer que a Igreja deve sempre acompanhá-las.

“A Igreja está sempre em construção, acompanha as mudanças e às vezes até as antecipa. Recordo as palavras de Pedro Arrupe, que nos dizia que, quiséssemos ou não, o mundo avança sem nós. Depende de nós, por isso, acompanhar essas mudanças. O Processo Sinodal que estamos a viver não pode ser uma moda ou um slogan, é um caminho a percorrermos juntos com Cristo, por Cristo e em Cristo”, referiu.

D. José Cordeiro planeia ainda fazer um roteiro de visita pastoral de forma a passar pelos 14 Arciprestados da Arquidiocese, até porque “é das periferias que se vê melhor a totalidade”. Este roteiro será delineado “em sinodalidade, escutando o Espírito, os Arciprestes e Vice-Arciprestes, assim como os párocos”.

O Arcebispo Primaz deseja uma Igreja de “portas escancaradas”, abertas a todos – referindo até a curiosidade de existir na Arquidiocese um Santuário com o nome de S. Bento da Porta Aberta – e pediu para ninguém se acomodar, optando por uma certa inquietude que já cartacteriza várias boas práticas da Arquidiocese.

“Não somos nenhum órgão político, nem de comunicação. O nosso dever é anunciar o Evangelho, ser a voz dos que não têm voz e que confiam em nós para sermos a sua voz. O Evangelho não pode calar as periferias invisíveis. A comunicação social tem é a obrigação de nos ajudar a sermos fiéis ao Evangelho”, respondeu, quando questionado sobre a pretensão de continuar a ser uma voz de autoridade, à semelhança do que tem acontecido com outros prelados bracarenses.

D. José Cordeiro ficou visivelmente comovido quando lhe perguntaram o que sentiu quando deixou Bragança e rumou a Braga, antes da Tomada de Posse, admitindo ser muito difícil expressar por palavras o que sentiu.

“É o primeiro amor e são as próprias raízes… E são as raízes que nos sustentam, não somos nós que sustentamos as raízes. Bragança é filha de Braga, é isso que me consola também. Desde 1545 que começamos como Diocese em Miranda, depois Bragança-Miranda e, em 1881, reconfigurou-se naquilo que é o território de Bragança Miranda. Estamos na mesma Província Eclesiástica e o coração está totalmente em Braga, mas tem muitas saudades de Bragança-Miranda. Como disse na última celebração, o «até sempre» ainda me radica aqui mais em Braga, confessou.

O clericalismo, que D. José classificou como “o mal da Igreja, sendo que a desclericalização não acontece de um momento para o outro” e o escândalo dos abusos sexuais também foram alvo de questões.

“Sentimos a vergonha e humilhação de tudo o que acontece dentro da Igreja e fora dela também. Temos de olhar para as vítimas com seriedade, justiça, compaixão, ternura e misericórdia. Temos que dar voz ao silêncio das vítimas e cuidar de todas elas. É uma crise muito grande, mas também é um momento de purificação, que nos liberta. Pode custar-nos e podemos estar a sofrer, mas é para nos libertar”, asseverou.

D. José Cordeiro planeia ainda visitar a Paróquia de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, “tão breve quanto possível”, elogiando o projecto e estando já a par do trabalho realizado pelo Centro Missionário Arquidiocesano de Braga, tendo até falado com sacerdotes e leigos voluntários nessa missão.

Sobre a candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura, o Arcebispo Primaz começou por felicitar desde logo o tema, “Tempo para Contemplação”.

“Com tudo o que isto engloba na nossa cidade de Braga e na nossa Arquidiocese, somos todos convocados para a candidatura e a Igreja há-de acompanhar naquilo que também nos for proposto e que até já está a fazer, com muitas instituições e pessoas. Gostaríamos de conhecer ainda mais em profundidade esta candidatura para juntos colaborarmos na construção do maior bem comum. Braga tem muito a oferecer ao mundo, como já o está a fazer, mas pode ser ainda mais conhecida. Mesmo este espaço em que nos encontramos, o Museu Pio XII, é surpreendente o que aqui encerra, como em tantos outros lugares desta cidade, pertencentes à Igreja, ao Estado ou à Autarquia. É uma cidade que dá gosto visitar”, elogiou.

A Eucaristia Solene que assinala o início do Ministério Pastoral de D. José Cordeiro na Arquidiocese de Braga é celebrada amanhã, dia 13 de Fevereiro, às 16h00, na Sé Catedral. Pode acompanhar a cerimónia em directo através do Facebook e YouTube do Diário do Minho e redes sociais da Arquidiocese de Braga. 



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