Arquidiocese de Braga -

2 agosto 2025

Nota da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga sobre a guerra em Gaza

Fotografia AEED MOHAMMED / ANADOLU / GETTY IMAGES

Sabemos bem que não temos uma voz audível no plano internacional e bem sabemos, igualmente, que abundam as vozes audíveis que não têm sido devidamente escutadas. Mesmo assim, não podemos deixar de nos associar a todos os que, em todo o mundo, estão a gritar incansavelmente pela paz no Médio Oriente.

Afirmando acompanhar “com grande preocupação a gravíssima situação humanitária em Gaza, onde a população civil é esmagada pela fome e continua a ser exposta à violência e à morte”, Leão XIV renovou, no dia 27 de Julho, após a recitação do Angelus, um “apelo sincero ao cessar-fogo, à libertação dos reféns e ao respeito integral pelo direito humanitário”. Impõe-se que tal apelo seja respeitado.

É preciso parar a espiral de violência. Uma violência que se está a manifestar contra gente frágil e indefesa. Em consequência da acção do exército israelita em Gaza – empreendida após os ataques terroristas do Hamas que, a 7 de Outubro de 2023, no sul de Israel, causaram cerca de mil mortos, incluindo crianças e jovens, e a captura de duas centenas de reféns – morreram, até ao dia 15 de Julho, 18.500 crianças e jovens palestinos, cujos nomes (e, em um ou outro caso, fotografias) o diário The Washinton Post publicou no dia 30 de Julho.

É uma lista impressionante, assaz eloquente sobre o genocídio em curso, que dizimou 953 crianças antes de fazerem um ano, 943 com um ano, 972 com dois anos, 899 com três anos, 868 com quatro anos, 985 com cinco anos, 924 com seis anos (e a terrível contabilidade de crianças e jovens mortos por idade estende-se até aos 17 anos).

Mesmo quem, em vez de ler devagar, percorrer com um olhar apressado a extensa lista com o nome destas crianças assassinadas premeditadamente não deixará de sentir uma dor pungente que impõe o dever de um grito: “Basta!”.

Como escreveu Jorge de Sena no memorável poema “Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya”:
“Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém / Vale mais do que uma vida ou a alegria de tê-la.”

A Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Braga une-se a todos os que, em todo o mundo, apelam ao governo de Israel para que pare esta mortandade e cesse este uso da fome como arma de guerra.


Agosto de 2025