Arquidiocese de Braga -

12 fevereiro 2021

Papa destaca Quaresma como tempo de esperança no meio das incertezas

Fotografia Gabriel Bouys—AFP/Getty Images

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Francisco sublinha, na mensagem para a Quaresma, a necessidade de falar de esperança e de ter palavras “e incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam”.

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A Quaresma é um tempo de esperança apesar das incertezas e tempo de cuidar dos que sofrem ou se sentem abandonados e com medo devido à pandemia. Esta é a mensagem do Papa Francisco para Quaresma de 2021, publicada esta sexta-feira.

Francisco disse que, “no contexto de preocupação em que vivemos actualmente, onde tudo parece frágil e incerto”, falar de esperança pode ser difícil e parecer uma “provocação”. No entanto, Francisco argumenta que a Quaresma é um tempo “feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência”.

Citando a mais recente encíclica, Fratelli Tutti, publicada em Outubro de 2019, o Papa pede aos cristãos que estejam mais atentos a “dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam” durante a Quaresma deste ano – porque, acrescenta, para dar esperança aos outros, por vezes basta mostrar interesse ou sorrir.

“A caridade é dom, que dá sentido à nossa vida”, escreveu Francisco na mensagem, acrescentando que, graças a esse dom, consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão. O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade.

O Papa lembra que, durante o tempo de “conversão” que é o mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo, os cristãos são chamados a fazer jejum, a orar e a dar esmola.

O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa”, afirma o sumo-pontífice.

Na mensagem, Francisco diz que o tempo da Quaresma significa “acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo”, começando por abrir o coração à Palavra de Deus, “que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja”.

A “Verdade que a Igreja transmite não é, de acordo com o Papa, um conceito abstracto reservado um número restrito de intelectuais, mas uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso”.

Esta Verdade é o próprio Cristo, que, assumindo completamente a nossa humanidade, Se fez Caminho – exigente, mas aberto a todos – que conduz à plenitude da Vida”, diz o sumo-pontífice.

O jejum involve libertarmo-nos de tudo o que nos pesa, segundo Francisco, incluindo o consumismo e a “saturação de informações – verdadeiras ou falsas”. Quando vivido como experiência de privação, nota Francisco, o jejum leva quem o pratica a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização”.

Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e 'acumula' a riqueza do amor recebido e partilhado”, diz o Papa. O jejum, assim entendido e praticado, ajuda a amar a Deus e ao próximo”, acrescentou.

Por fim, o pontífice sublinhou que a caridade, quando vivida no seguimento das pegadas de Cristo “na atenção e compaixão por cada pessoa, é a mais alta expressão da nossa fé e da nossa esperança”.

A caridade alegra-se ao ver o outro crescer”, diz Francisco. “De igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado... A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão.